A Rede da Criança, em parceria com a ECPAT International - rede global de organizações da sociedade civil que trabalha para acabar com a exploração sexual de crianças, lançou na quinta-feira passada, 21 de Outubro, em Maputo, o Relatório Nacional Sobre "Disrupting Harm".
O relatório inovador do Projecto "Disrupting Harm" em Moçambique constatou que 13% das crianças pesquisadas, que usam a Internet, com idades compreendidas entre os 12 e 17 anos sofreram casos claros de exploração e abuso sexual "online" no período compreendido entre 2017 e 2020. Nestes contactos, as crianças receberam presentes ou dinheiro em troca de imagens e vídeos sexuais ou actos sexuais, sendo ameaçadas ou chantageadas para se envolverem em actos sexuais e ter suas imagens sexuais compartilhadas sem a sua permissão.
A Presidente do Parlamento Infantil a nível da cidade de Maputo, Larisse Mabote, disse durante a sua intervenção que o abuso e exploração de menores na internet é uma problema antigo e muitas crianças tem pouca informação sobre como devem se proteger.
" São crianças que na inocência tem caido neste mal a cada dia que passa, por falta de informação e por ambição de adquirir bens materiais. Queremos acreditar que com esta iniciativa e pesquisa haverá mais difusão sobre este mal que tem afectado muitas crianças", acrescentou Larisse Mabote.
Por sua vez a Representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em Moçambique considerou o abuso sexual um mal que afecta o desenvolvimento das crianças e com o lançamento do relatório será possível limar algumas falhas que advém do mau uso da tecnologia, sendo necessário que todos se envolvam no combate dessa problemática por forma a garantir a segurança das crianças.
Amélia Fernanda, Directora Executiva da Rede da Criança, chamou a atenção aos pais e encarregados de educação para que monitorem cada vez mais o uso dos dispositivos móveis dos seus filhos. "A tecnologia é um vector preponderante para a formação do indivíduo, mas se mal usada pode contribuir negativamente para deformação do mesmo, daí que somos todos chamados para garantir a segurança das nossas crianças".
"Disrupting Harm" é um projecto de pesquisa em larga escala para entender melhor a exploração e o abuso sexual infantil online e foi implementada em 13 países da África Oriental e Austral – incluindo Moçambique – e no Sudeste Asiático.
Apoiada pelo Fundo para Acabar com a Violência contra Crianças (EVAC), através da sua Safe Online Initiative, ECPAT, INTERPOL e UNICEF Office of Research – Innocenti conduziu esta pesquisa facilitada por parceiros no país: Rede da Criança Moçambique, UNICEF Moçambique e o Escritório Central Nacional da INTERPOL.